sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

"Jardim do Lago, árvore n.º 5, 2.º ramo frente" #2

Para acabar a semana com um sorriso, vamos voar até ao "Jardim do Lago, árvore n.º 5, 2.º ramo frente" e visitar a nossa Joaninha.


Episódio 2
Do ramo da Joaninha, a sua casa, até ao canteiro dos lírios era um pequeno voo, menos de três minutos. Isto, se não parasse no caminho, se nada atraísse a sua curiosidade, se nenhum imprevisto alongasse a viagem.
As cores vistosas do canteiro e o perfume que Joaninha sentia no ar levaram-na, direitinha, até ao destino planeado. Pousou, delicada, na haste mais alta de um lírio salpicado com gotinhas de orvalho, que reluziam ao sol da manhã. Sabia que o lírio era uma flor frágil, não queria fazer mossa nas lindas pétalas... E a flor não se ressentiu do peso das patinhas minúsculas do inseto colorido.
Logo reparou num montinho escuro numa folha: “Olha o meu pequeno-almoço!”
Piolhos da folha do lírio – era a refeição predileta da Joaninha. Era melhor apressar-se, antes que mais alguém cobiçasse o manjar. Não perdeu tempo, deu um saltinho esvoaçante e, num ápice, deixou a folhinha limpa.
Mal tinha acabado a refeição, pôs-se a contas com a sua consciência: “Comi os bichinhos, coitados... insetos como eu. Terei feito bem?”
Olhou para a planta ao lado e logo esqueceu o pensamento que lhe ocupara o espírito. Viu outra joaninha, igualzinha a si. Até hesitou se estaria a ver-se ao espelho. “Não, não sou eu, é outra. E está a comer. São piolhos da folha. Tem os mesmos gostos que eu...”
Resolveu conversar com ela. Ou, pelo menos, tentar. Logo veria se ela estava disposta a uma troca de palavras.
– Bom dia, cara amiga. Chamo-me Joaninha. E tu?
A outra ergueu as antenas, fixou os olhinhos vidrados na criaturinha que a cumprimentava. Parecia surpreendida, mas respondeu:
– Eu sou Joana. Muito prazer.
“Que bom! Tenho uma amiga.” – pensou Joaninha.
– Onde moras? – ousou perguntar.
– Não tenho morada certa. Na noite passada dormi naquele arbusto ali. Logo decido onde vou passar a próxima noite.
“E se eu a convidasse para dormir no meu ramo? Talvez ela aceitasse.”
– Eu durmo sempre no mesmo sítio. É na árvore número 5, no 2.º ramo frente. Posso dizer que moro lá.
– Não sei onde isso fica. Nunca tinha reparado que as árvores tinham número.
– Não têm. É a quinta árvore a contar da entrada do jardim, à beira do lago.
– Ah, está bem...
– Queres vir lá ter comigo e dormimos no mesmo ramo?
Pareceu a Joaninha que a ideia agradara à convidada. Ia jurar que a vira sorrir...
– Aceito. Ao pôr do sol estou lá.
– Está bem, Joana. Até logo!
Joaninha levantou voo, sobrevoou o lago, atenta à presença dos cisnes... Era preciso evitar alguma bicada que não lhe desse tempo de se desviar. Nada podia estragar a felicidade que sentia, que a fazia voar mais leve, mais alto, com o coraçãozinho a bater de euforia.
“Iupi! Iupi! Tenho uma amiga! Iupi!!!”
(continua)

J. M.

1 comentário:

  1. Está tão giro, mãe! Guarda estas histórias para os netos! A Aline e o Miguel depois fazem os desenhos. :) bj, Ana

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