Hoje deixo-vos com um momento de ternura no Jardim do Lago.
Boa semana e Boa Leitura!
Episódio
6
De manhã, muito cedo, o jardim acordou com enorme
algazarra. Um grupo de crianças rodeava o lago, animadamente:
– Outro... Tão lindo!
Joana, Joaninha, Valentim, os pardais e os
pardalitos, todos assistiam do ramo grande da árvore a algo muito especial.
Olharam à volta: nos ramos das árvores próximas havia um sem número de animais
curiosos, todos interessados no que estava a passar-se.
Vivia-se um grande acontecimento no Jardim do Lago.
O centro das atenções era o casal de cisnes. Chegara a hora do nascimento dos
cisnezinhos.
Os pais olhavam embevecidos para o ninho, na margem
do lago, feito de penas, folhas e pauzinhos. A pouco e pouco, de cada ovo ia
saindo mais um filhote. Quando despontava um biquinho, a mãe ajudava a partir a
casca do lado de fora e o cisnezinho aparecia estremunhado, a custo abrindo os
olhitos para a luz intensa do novo dia, o primeiro.
– Quantos já nasceram? – perguntou um menino.
– Até agora, quatro. Mas ainda há três ovos
fechados...
– Olhem, estão a nascer dois ao mesmo tempo...
– Pois é. Só falta um. Será que não vai nascer?
O pai cisne encaminhou os recém-nascidos para a
beirinha do lago, enquanto a mãe esperava, ansiosa, que nascesse o último, o
mais preguiçoso. Finalmente, uma bicada de dentro, outra de fora, mais uma de
dentro, uma cabecita, uma asinha, a outra... Pronto! Pequenino, mais enfezado
que os irmãos, ele aí estava. Sacudiu-se e caminhou para o lago. Os outros já
nadavam junto do pai. Ele entrou a medo, protegido pela mãe.
– Que lindos! Sete!
As crianças bateram palmas de alegria.
– Viva! Vivam os cisnezinhos!
Um raio de sol brilhou mais forte, refletiu-se nas
penas lustrosas dos pais cisnes, na penugem escassa dos filhos, na água azul do
lago, nas flores coloridas do jardim. Passarinhos, joaninhas, gafanhotos,
borboletas, esquilinhos, todos se uniam num sentimento comum de felicidade. Não
custa acreditar que os mais sensíveis tenham até deixado escapar uma lágrima de
emoção.
Nascer é sempre um acontecimento de esperança, um
motivo para celebrar. Naquele dia, toda a natureza do Jardim do Lago estava em
festa, num hino enternecido à vida.
(continua)
J. M.